12 de abril de 2007

Capítulo 03

Sexta-feira treze, um dia estranho para se acordar de péssimo humor, sobretudo para alguém que não carregava crenças ou superstições, mas foi o que aconteceu naquele dia cinza. Decidi então que não daria para trás e que o levaria até o fim, o arrastaria feito correntes pesadas a serem arrastadas eternamente por um prisioneiro. Isso! Um prisioneiro, era assim que me sentia, um prisioneiro dentro do meu próprio corpo. Dentro de mim.

Comecei aquele dia pretendendo me libertar, decidi que castigaria meu corpo na tentativa de expulsar minha alma ou o que mais existisse lá, se era que algo existia mesmo. Meu primeiro impulso foi de ingerir toda e qualquer coisa que pudesse alterar meu estado físico e mental para o resto daquele dia e de cara encontrei largada na cozinha uma garrafa de café, frio, amargo e provavelmente “dormido” de três dias ou coisa assim. Tomei tudo, virei aquilo feito água. Meus sensos de equilíbrio e direção foram totalmente alterados por toda aquela cafeína.

O cair daquela tarde gris misturada ao meu desequilíbrio passageiro me fez querer mais daquela degradação. Tocando meus discos de jazz ao fundo, adicionei àquela onda bebidas quentes, transparentes, amareladas, claras, turvas, de todo jeito, o que interessava era o choque. Com o fim do crepúsculo, pus-me dentro de uma muda de roupas escolhida aleatoriamente e fui à rua meio sem destino, então buscando o desatino comecei a perambular pelos bares da orla.

Mais bebidas, bebidas de todos os cheiros nomes e jeitos, cachaça, vodka, uísque, absinto, fogo-paulista... Atirei-me àquele zoológico de sexo barato e baderna. Nomes e rostos se embaralham em minha memória, Paula, Raquel, Marcela, eram tantos os nomes, tantos corpos, tantos os cheiros e sabores que não consegui fixar nada, nada, ninguém, nada levei comigo! Nada!

Exceto por tontura, estômago embrulhando, queimação por dentro, dormência dos membros, dor de cabeça, falta de autocomando, tudo girava. Luzes, cores, formas e sons se embaralhavam, o equilíbrio se foi e...

Caí, desfaleci.

2 comentários:

Íris S. Lovett disse...

E... E???
porra hahahaha
quero mais!!!
estou amando o folhetim querido,
tens talento, ja disse!
beijao
adoro vocee

Flah disse...

Ahhh legal legal quero ler logo o capitulo 4 =)

bjoos