28 de março de 2007

Capítulo 01 - O Início

Ainda me lembro claramente daqueles tempos, que vivia sem me preocupar com muitas coisas, em que vivia numa cidade qualquer à beira mar, passava os dias a esperar a noite chegar e saía para ver a vida passar. Sentava-me em um banco e punha-me a observar como a gente ia se flagelando aos pouquinhos a cada dia que passava. Violência, álcool, sexo barato... Observava quase como se estivesse em um zoológico e vez por outra me permitia participar de toda aquela baderna organizada e que acontecia com rigor quase que religioso.

Todo santo-dia, ou mesmo todo dia-pagão, estavam todos lá, distribuídos por entre bares e botecos, mesas e grupelhos. A harmonia desorganizada daquele burburinho era entrecortada por vozes que subiam e desciam, por gargalhadas escandalosas e por gritos de “traz mais uma” e clichês semelhantes. Aliás, os clichês reinavam por toda parte, via-se o jovem engravatado levando uma caneca de chope em uma das mãos na busca de um “happy hour” perdido, peões com cara-de-acabado, prostitutas cheirando a frescor de água-de-colônia. Todos os estereótipos da vida urbana compartilhavam o mesmo espaço, a mesma luz da lua misturada ao amarelar dos postes.

Levava uma vida deveras desregrada naqueles tempos, só tinha compromisso com o descompromisso e empurrava as coisas com a barriga. Não que eu tivesse uma vida de burguês ou me portasse feito um almofadinha, mas o acaso nunca houvera me surpreendido e, de uma forma ou de outra, as coisas vinham sempre dando certo. Entre minhas posses não materiais eu tinha a total ciência de meus defeitos e minhas virtudes, ambos politicamente corretos e assim meio errados, entre eles, tinha a tal da sinceridade como ponto de interseção, a verdade que é por vezes confortante e, por outras, cortante. No mais, eu tinha um velho e desafinado piano, uma vitrola, a vida noturna e um teto sobre minha cabeça, eu verdadeiramente não precisava de mais nada. Não mesmo...

20 de março de 2007

Sinopse

Memórias urbanas é mais uma dessas histórias comuns que se passa numa cidade qualquer à beira-mar, sobre um cara comum com uma vida parecida a de muitos outros caras comuns.

Ricardo, um jovem, que vivia da pensão ofertada pelo seguro de vida de sua, já falecida, família “pseudomoderna” morava em um apartamento próximo a costa litorânea, não tinha muito, mas havia satisfação mesmo assim, pois, oposto a maioria, Ricardo não precisava de muito para viver, os prazeres dos vícios e da música o completavam.

Mas era um misto de satisfação e certo incômodo, Ricardo não era bem visto no prédio de apartamentos onde habitava. Era tido como vagabundo, porra-louca, doidivanas. Cada um dos velhos rabugentos, como ele dizia, tinha seu adjetivo favorito quando tinha de se referir ao rapaz.

Mas até que um dia, por uma dessas ironias do destino, as coisas começaram a mudar drasticamente. O pouco que, até então, o satisfazia já não mais chegara até ele. Ricardo agora se via obrigado a batalhar pelo sustento de seus vícios, ou tentar.

Um romance-drama-suspense urbano, ou qualquer outra coisa. Uma história regada a jazz, bossa, vinhos, vícios, defeitos, verdades, mentiras, virtudes, confiança e ironia. Uma história comum.