7 de dezembro de 2007

Terceiro Capítulo

Eu queria, eu precisava de expressão! Ora essa, um balcão, podar minha mente em troca de dinheiro? Não, eu precisava ir além e após aquele episódio fui pra casa de novo. Pensar e pesar um pouco as coisas, definir prioridades, o que era importante pra mim. Dinheiro? Não. Mas vivo em um mundo porco. Eu precisava de dinheiro.

Mas o que eu poderia fazer para conquistar aquele maldito pedaço de papel? Dando voltas para casa e vi o que talvez fosse minha solução. O mesmo piano velho, sujo e desafinado de sempre e meus discos de jazz e meu toca discos. Sentei, sentei-me ao piano aquele dia e lá fiquei, apertando teclas, dedilhando notas, tocando, compondo escrevendo.

Era poesia sonora, caótica, era minha raiva expressada em som, tensão e suor. Mas era vago, eu queria dar mais vida à todo aquele caos. E me ocorreu: PEDRO! E SUAS PERCUSSÔES! Já era tarde da noite, corri pelos corredores e escadarias do inferno, dito prédio, procurando pelo apartamento de Pedro e o encontrei saindo:

“ – Ta saindo?” disse.
Ao que ele respondeu:
“ – Agora.”
E eu retruquei:
“ – Não está mais!”

O trouxe ao meu apartamento, e tocamos noite adentro, mostrei minhas composições, anotadas a garranchos em papel sujo, rasgado e amassado. Ele pirou, inspirou-se, subiu ao seu apartamento, buscou números de telefones e meio dúzia de badulaques percussivos e experimentamos. Atabaques, bongôs, tumbadoras, agogôs, djembés, timbalitos e todo tipo de parafernalha. Éramos uma dupla de músicos mentalmente perturbados e vi ali minha salvação, será?