8 de novembro de 2007

Segundo Capítulo

O banheiro me sufocava, o apartamento me sufocava, me assombrava. E a atitude foi tomada. Aproveitei que estava ali no banheiro e tomei um banho, mas infelizmente a alma não foi lavada, como eu desejava. Vesti a ultima das roupas que me deixava com a aparência próxima a de alguém digno e sai tentando buscar algo pra fazer. Bati perna, bati cabeça, não tinha um currículo ou um histórico de trabalhos anteriores. Resultado: Comecei a trabalhar em uma padaria, da qual fui demitido no mesmo dia.

Aconteceu que eu havia acabado de ingressar naquele maldito sub-emprego, estava estressado, nervoso, quando, por ironia -ou maldade - do destino entrou pela porta daquela espelunca um rosto familiar. Era uma das velhas do prédio onde eu vivia, que chegou ironizando:

- Estão empregando marginais aqui agora? Como podem?

Foi o suficiente, o estopim que minha cabeça estava esperando para explodir, para entrar em colapso. Meu corpo e minha mente que já extrapolavam os limites do stress não suportaram aquele desaforo, esbravejei, xinguei como eu nunca havia xingado ninguém, todos os nomes e xingamentos possíveis e imagináveis eu gritei com fúria. Transbordava do meu corpo toda a raiva acumulada dos tempos anteriores, toda a dor, toda a insatisfação. A satisfação é a morte de todo o desejo e desejo é a mola motora de todo ser humano, ao menos deveria ser. Eu tinha o desejo pelos meus vícios, desejava álcool, desejava música, desejava satisfação, desejava sossego, desejava sorriso. No entanto...

Demissão, um resultado óbvio para o ocorrido, mas também pudera, eu não duraria muito naquela droga de emprego, eu queria mais, eu queria expressão e não omissão atrás de um balcão!

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